terça-feira, 30 de novembro de 2010

Volúpia.

Volúpia


Tu estás livremente, ausente,
Da minha vontade extraordinária,
Para conquistar um espaço além…
Não vislumbro um pedaço da minha mente,


Por estar ocupado contigo, cego,
Obstinado, sem nenhum objectivo
Perceptível, ou até necessário,
Porque só te vejo como um aconchego,


Acreditando, que só tu és o motivo
De eu ser um animal solitário;
Preciso que me mostrem o contrário,


Esperando, que os meus sentidos falem
A linguagem, incoerente do amor,
Sem dogmas, imposições, ou o que for…




Joantago

Tentação.

Tentação


Saboreando o café matinal,
Depois de deambular pelas mesas,
Senti o apócrifo manipanso
Do teu persistente olhar…!


Foi, exactamente, semelhante
Ao do dia (recordo-me) anterior;
Com o mesmo misticismo…!
Dou voltas à cabeça, e não me canso


De imaginar o teu semblante,
Com uma vontade, cada vez maior,
De que me sejas um amor divinal;


Deixar-me envolver nas tuas presas,
Qual artesão, entusiasmado, poder talhar
Um futuro, que possa ser, por ti, pior!




Joantago

Resignação.

Resignação


Quando não sinto o teu calor,
Estico o braço, pelo lençol fora
E acordo, olhando para o teu lado,
Como se duvidasse do vazio…


Pertences a um tempo, que agora
Não percebo, pela tua ausência…
Foi quando estava enganado,
Que não dei conta, que o amor fugiu;


É, neste tempo, quando aperta a dor
E já não espero outra indulgência,
Que não seja, deixares-me a oportunidade


De não perder a tua amizade,
Compensando o que o passado diluiu,
Sobretudo, para agora lhe dar valor.



Joantago

Pesquisa.

Pesquisa


Fixando-me no teu olhar,
Procuro-te a intimidade,
O cerne de um interior
Místico, que transpareces…


Fixando-te, gasto-me, no momento;
Procurando-te, tento conseguir
Chegar à tua interioridade,
Com um esforço ainda maior,


Por não seres igual ao que pareces!
E nessa procura, o meu desalento,
É ainda maior, por não me calhar,


A sorte de te ver, estranha, sorrir,
Pela empresa a que me proponho,
Tudo, simplesmente, por um sonho.


Joantago

Perdição.

Perdição


O hausto do teu veneno,
Qual estranho líquido fatal,
Arrebatou-me para a apatia,
Do respeito, que me merecia


A minha juventude inebriada;
Foi um período pequeno,
Que não sendo voraz ou mortal,
Também não me desmoralizou…


Não desatei quaisquer nós
De arrependimentos, e só amou,
Aquele que mais se empenhou;


Ás vezes, vale mais estarmos sós!
Quem valoriza a felicidade
Tem de lutar, por ela, com tenacidade.




Joantago

Paixão.

Paixão


Esfrego os olhos para acreditar
Que me estás sempre presente,
Não só no meu coração,
Como na minha mente…!


És a luz do meu acordar,
Da minha vida, com esse sentido;
És o manifesto de uma oração,
E a melodia mais linda, ao meu ouvido;


Confunde-se-me, facilmente, a razão,
A necessidade do equilíbrio adequado…
Mas, ainda que seja mera confusão,


Não sei, por que seja assim amado;
É esta, que reconheço como felicidade,
Que me traz vivo, para eventual eternidade!


Joantago

Inspiração.

Inspiração


Acordei de uma noite, em vão,
Por não deixares a minha ideia;
E, nela, ficaste-te deslumbrante,
Como te sonho e como te vejo!


Será isto amor, ou a ilusão
De desejar que meu cérebro leia,
Esta incrível razão, daí resultante?
Quanto daria, para que fosses real!


Realmente, como o é o meu desígnio,
De que me sejas o elevado ideal,
Da perfeição, na história, que desconheço!


Desejar, simplesmente, um beijo
Não tem, absolutamente, qualquer mal;
Será mesmo que eu não mereço?!



Joantago